A baixa mundial de preços no mercado de castanha - última parte


Apresentamos hoje a última parte da entrevista de Pierre Ricau, concedida à CommodAfrica, sobre cenários possíveis no agronegócio caju em âmbito mundial.

O Vietnã está mostrando sua disposição em superar sua dependência de castanha in natura produzidas na África, investindo não apenas em plantios no próprio país, mas também em países vizinhos da Ásia. Isso poderia eventualmente reduzir a demanda na África?
O Vietnã tem uma estratégia de depender menos da África para o fornecimento de castanhas de caju. Mas, se tomarmos o exemplo do Camboja, onde a produção aumentou de 30.000 toneladas para 100.000 toneladas, veremos que ainda é pequena. A indústria vietnamita tem capacidade para processar pelo menos dois milhões de toneladas por ano. A ameaça será, portanto, apenas a longo prazo e espero que, até lá, haja uma processamento na África que alcance pelo menos 50% da produção.

Quando você espera que essa taxa seja atingida?
Em cerca de dez anos. O maior desafio será atrair investidores estrangeiros, além dos investidores domésticos. Isso significa convencer empresas indianas e vietnamitas a realocarem suas fábricas na África. Hoje ainda não é vantajoso por questões de estabilidade política ou devido a obstáculos administrativos.

Isso significa que a África preencheria sua lacuna de competitividade com a Índia ou o Vietnã?
O diferencial de competitividade não é grande. Há déficits na formação da força de trabalho, maiores custos de insumos, como água, eletricidade, equipamentos e peças de reposição que precisam ser importados, ao passo que estão disponíveis localmente na Ásia. Mas, por outro lado, os preços da  castanha africana in natura são menores do que as asiáticas. A maior lacuna está no financiamento do capital de giro. Os bancos asiáticos recebem financiamento para apoiar o processamento de castanha enquanto os bancos africanos são muito relutantes, especialmente para as startups.

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