Produtores de castanha no Ceará denunciam estocagem

A prática da estocagem de castanha de caju por parte de especuladores está sendo denunciada pelo presidente do Sindicato dos Produtores de Caju do Ceará (Sincaju), Paulo de Tarso Meyer Ferreira. "O segmento corre o risco de acabar caso não seja feito algo para coibir de forma eficiente e imediata", segundo alerta. Conforme Paulo de Tarso, com o passar dos últimos anos, um número cada vez maior de pessoas tem comprado grandes quantidades da matéria-prima na época de maior oferta do produto, com a intenção de armazenar a castanha por alguns meses até poder vendê-la justamente na entressafra ao setor de beneficiamento por um valor bem superior à média de comercialização.
A prática, além de bastante lucrativa para esse tipo específico de atravessador, tem se mostrado nociva para os produtores cearenses. "Só na região Norte, onde começou essa prática no Estado, há entre 35 mil e 40 mil toneladas de castanha nas mãos dos especuladores", afirma Paulo de Tarso.
Ele ressalta que, em média, a compra é feita por R$ 1,20 na safra e revendida para o setor industrial, meses depois, por R$ 2,30. Segundo Paulo, atualmente, o ápice da produção rural chega a 150 Kg por hectare quando há 15 anos esse número era de 600 Kg/ha. "Hoje, temos 402 mil hectares, mas 30% dessa área estão totalmente improdutiva", conta.

Setor industrial 
Tal situação tem forçado as empresas a comprarem a matéria-prima de outros países, especialmente do continente africano. Segundo a superintendente da Cascaju, Annette de Castro Reeves, a capacidade industrial hoje se encontra acima de 400 mil toneladas e mesmo uma safra normal no Brasil, ao redor de 300 mil toneladas não atende às necessidades.  "A busca de castanha importada na entressafra passa a ser necessária para manter as fábricas funcionando nos momentos de escassez. A experiência demonstrou que a castanha recebida até o presente momento teve excelente rendimento e nível de limpeza, melhorando o output de amêndoas", diz. Para o presidente do Sincaju, algumas ações, listadas em uma carta declaratória entregue no início deste ano ao governador Cid Gomes, ainda podem resgatar o setor. Dentre as soluções, a primeira seria cobrar ICMS dos especuladores, já que o Estado também está sendo lesado por essa prática. Outra medida poderia ser o aproveitamento de armazéns da Conab, com a venda direta do produtor, a partir de melhorias na logística de distribuição da castanha para o segmento industrial.

Soluções
De acordo com Paulo de Tarso, para revitalizar a cajucultura no Ceará, também seria necessária a união de todos os agentes envolvidos, inclusive, os financeiros. "Precisamos de que o Banco do Nordeste e Banco do Brasil ofereçam linhas de crédito mais acessíveis para os pequenos e médios produtores. O que ocorre hoje é a presença do especulador emprestando dinheiro para ajeitar o pomar, por exemplo. Isso acaba amarrando parte da produção", explica. (com informações do Diário do Nordeste)

Comentários

Anônimo disse…
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Clenyston Roger disse…
Este comentário foi removido por um administrador do blog.