A castanha potiguar

"A produção e a comercialização de castanha-de-caju in natura representam uma atividade tradicional no estado do Rio Grande do Norte. O negócio caju oferece grande potencial para a geração de renda, emprego e desenvolvimento tanto na propriedade rural quanto nas agroindústrias localizadas nas zonas urbanas, sobretudo as de pequeno porte administradas pelas associações e cooperativas de produtores da agricultura familiar.
No ranking dos maiores produtores nacionais de castanha-de-caju in natura, o estado do Rio Grande do Norte aparece em 3º lugar. Em anos normais de safra (condições climáticas normais) a produção de castanha atinge, em média, 40.000 toneladas/anos. Mesmo assim, essa produção não é suficiente para atender a demanda de beneficiamento do parque industrial potiguar. Para suprir o déficit da produção da matéria-prima, as indústrias, sobretudo as de grande porte, adquirem a castanha em outros estados produtores (CE, PI, MA, PB e BA). Quando a frustração da safra brasileira é considerável, o setor é obrigado a importar castanha de outros países produtores. Foi o que ocorreu em 2011 quando as indústrias, sobretudo as cearenses, importaram castanha africana por causa da insuficiente safra nacional de 2010.
Comparativo de produção e capacidade de beneficiamento: RN- Em t
Produção*          Cap.benef.                     Déficit de produção
      39.374               68.200                                28.826
(*) Média de produção de castanha dos últimos 10 anos. Fonte: IBGE e Conab/RN
Diferentemente dos anos normais de safra, em 2010 a produção foi fortemente reduzida. Isso, por causa das fortes estiagens e de chuvas irregulares verificadas em todo o Estado, refletindo significativamente na redução da produtividade dos cajueiros. Em razão disso, as indústrias foram obrigadas a adquirir fora do Rio Grande do Norte estoques de castanha na tentativa de suprir o déficit da produção regional que naquele ano/safra (2010/2011) foi de 41.000 toneladas.
Produção de castanha-de-caju - safras 2009 e 2010. Em toneladas
Safra 2009               Safra 2010             Redução (%)
    48.918                     26.613                         46
Fonte: IBGE e Conab/RN
Por isso, o ano/safra de 2010 foi desfavorável para a cajucultura do Nordeste e em especial para a do Rio Grande do Norte, quando parte das indústrias de beneficiamento de castanha-de-caju tiveram que paralisar suas atividades, outras reduzir o quadro de funcionários e algumas foram obrigadas a dar férias coletivas aos seus empregados.
Naquele período (2010 e até outubro de 2011) a redução da oferta de castanha (matéria-prima) fez com que o preço do produto tivesse aumento exorbitante, passando de R$ 1,10/kg no início da safra para até R$ 3,20/kg no final do período - preço nunca antes ofertado no Rio Grande do Norte. Por isso, o considerável aumento pela procura do produto fez com que os estoques se esgotassem em poucos meses do ano de 2010.
A situação ficou ainda mais complicada para as micros e pequenas agroindústrias familiares que tiveram dificuldades em manter suas atividades por não conseguirem adquirir a matéria-prima (castanha-de-caju in natura) por falta de capital (financeiro) e desigualdade de condições de competitividade no mercado.
Essa situação vem se repetindo a cada ano. Já está passando da hora para que a cadeia produtiva da cajucultura do Rio Grande do Norte ultime enérgicas providências visando oferecer condições de manter a atividade mais rentável."
(Artigo de autoria de Luis Gonzaga Araújo, publicado originalmente no Portal Mercado Aberto).

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