Crise na cajucultura (1)

No Ceará, a quebra da safra de castanha de caju no ano passado, 62% na comparação com 2009, causou um estrago grande no quadro de empregados das indústrias de beneficiamento do produto. Sem matéria-prima, elas optaram por suspender o contrato de trabalho ou demitir. Giram em torno de quatro mil as demissões, só para trabalhadores com mais de um ano de carteira assinada, no período de outubro de 2010. Foi a maior deste ano, segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Processamento de Castanha de Caju.
 “Todas as empresas reduziram seus quadros e algumas fecharam”, afirma o presidente do sindicato, Pedro Valmir Couto, preocupado com a situação que atinge especialmente as mulheres selecionadoras de amêndoas, que representariam 90% da força de trabalho das fábricas. Destaca que a maioria delas, em média 85%, não tem qualificação profissional e “são pais e mães de família”.
Falando especificamente das companhias, informa que a Cascaju foi a primeira a reduzir o quadro de funcionários, passando de 1.200 para cerca de 700. A Cione, a mais tradicional indústria do setor, tinha 1.200 e ficou com mais ou menos 650 trabalhadores. “Por falta de matéria prima a Resibras fechou as unidades de Sobral e Fortaleza”, comenta, acrescentando que hoje a empresa mantém em torno de 100 dos 800 empregados. Adianta que o fechamento refere-se à produção, já que as empresas ficam com o pessoal da administração e manutenção. A Amêndoas do Brasil optou pela suspensão do contrato de trabalho.
 Couto diz que a indústria Iracema, a maior em atuação no Ceará, foi a que menos reduziu seus quadros. Dos 1.800 funcionários, aproximadamente, mantém em torno de 1.500. Explica que alguns dos demitidos ainda estão recebendo parcela do seguro desemprego, mas a maioria não. O benefício paga no máximo cinco parcelas para quem tem três anos ou mais de serviço.(Fonte: Jornal O Povo)

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