Cashew export: short happy days?


Apesar da falta de devida atenção, a cajucultura acabou por ser a exportação de maior sucesso nas últimas duas décadas no Vietnã. Contudo, os dias glória podem em função da escassez de matéria prima enfrentada pela indústria processadora daquele país.
Não existem estatísticas oficiais sobre as exportações e área plantada com caju do Vietnã antes de 1991. Entretanto, de acordo com a FAO, em 1961, o país possuía somente 1.000 hectares de cajueiros e uma produção de 700 toneladas. Vinte e cinco anos depois, em 1986, o volume de exportação de caju castanha aumentou para 1.300 toneladas e trouxe cinco milhões de dólares em volume de negócios. Na época o Vietnã surgia no mercado mundial como exportador de um produto agrícola raro e valioso.
Os números divulgados pela FAO mostram que este deve ser o único item de exportação do Vietnã, que de fato exibiu um progresso impressionante em termos de volume de e preços de exportação.
Levou quase uma década do Vietnã para aumentar o volume de exportação de 1300 toneladas (1,7 % do total das exportações mundiais) em 1986 para 20.000 toneladas (14,5 %). Com este feito, o Vietnã classificou-se como terceiro maior exportador de amêndoa de castanha de caju (ACC) no mundo, depois da Índia e do Brasil. No entanto, apenas cinco anos mais tarde, o volume de exportações subiu para 34.200 toneladas, representando 22,2 % do total das exportações mundiais, levando o Vietnã para a segunda posição entre os maiores exportadores de ACC, ultrapassado apenas pela Índia. E depois de mais seis anos, em 2006, o Vietnã ultrapassou a Índia, tornando-se o maior exportador de ACC com um volume de exportação de 126.800 toneladas, respondendo por 37,3 % da produção mundial. Como tal, ao longo das últimas duas décadas, as exportações de ACC do Vietnã têm crescido 26,7%, em média, ou 3,3 vezes maior do que a taxa de crescimento mundial de 7,9 %, e muito superiores às taxas de crescimento médio da Índia (5,4 %) e Brasil (2,3 %). Em relação aos preços de exportação, nos últimos 23 anos, o Vietnã exportou mais de um milhão de toneladas de ACC para o mercado mundial ao preço médio de U$ 4351 por tonelada, ou US$ 26 superior ao preço médio mundial.
Na verdade, o preço de exportação é ainda o mais baixo quando comparado com os preços de exportação dos “big four” (U$ 4381 no Brasil, U$ 4867 da Índia e U$ 5039 dos Países Baixos), mas isso ainda deve ser visto como um sucesso impressionante do Vietnã.
Nos primeiros anos, quando o Vietnã começou a exportar ACC para o mundo, tinha a oferecer baixos preços de exportação, a fim de competir com grandes exportadores. Enquanto isso, nos últimos anos, tem crescido os volumes de exportação, apesar de aumentos acentuados de exportações sempre significam pressão para forçar os preços para baixo.
Fim dos dias felizes?
Apesar do grande sucesso, a indústria de caju enfrenta grandes dificuldades. As estatísticas oficiais mostram que a proporção de indústrias processadoras foi reduzida de 24,1 por cento em 2006 para 20,6 por cento em 2009, enquanto a área cultivada passou de 440.000 hectares para 398.000 hectares. Orgulho do Vietnã, a indústria de processamento de caju enfrenta uma grave escassez de matéria prima. Embora o rendimento médio cresceu 5,4 % nos últimos 17 anos, a produção de matérias-primas aumentou apenas 16 % devido à diminuição da área de plantio. Enquanto isso, a exportação de ACC cresceu 18,2 %. O Vietnã começou a sentir falta de matéria prima em 2005. Em 2006 e 2007, havia um déficit de 10.000 toneladas de castanha; esse número saltou para 60.000 toneladas em 2008 e 70.000 toneladas em 2009 e, finalmente, 194 mil toneladas em 2010.
A principal razão por trás da falta de material é a baixa produtividade média dos plantios de cajueiro. O rendimento médio aumentou apenas 5,4 % nos últimos 17 anos, e com tal velocidade, o Vietnã levará mais três décadas para obter o rendimento médio mundial atual.
Enquanto isso, os produtores agrícolas vietnamitas estão abandonando as áreas plantadas com cajueiro, substituindo-as por outras espécies mais lucrativas. Dividindo-se o volume total das exportações em 1992 pelo número de áreas de cultivo de quatro espécies agrícolas, os valores seriam U$ 2391 para pimenta, 832 dólares para o café, 523 dólares para castanha de caju e 315 dólares para a borracha. Em 2007, os valores foram de US$ 3209, $ 2871, $ 964 e $ 2189, respectivamente.
Fonte: tradução do artigo “Cashew export: short happy days?” (Vietnã.Net -Thoi bao Kinh te Saigon)

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