Queda de 70% na safra de castanha gera desempregos

O Rio Grande do Norte é um dos maiores produtores de castanha de caju do país. A atividade emprega milhares de pessoas principalmente em Serra do Mel - onde os frutos são produzidos - e em Mossoró, onde é feita a industrialização dos mesmos. Processamento da castanha beneficiada, sucos, polpas, doces e demais subprodutos fazem o estado bater recordes de exportação todos os anos. Porém, para a safra 2010/2011 a realidade é bem diferente.A colheita que já está em andamento revela dados preocupantes para os produtores. Devido à ausência de chuvas no último inverno, o prejuízo chega a ser alarmante, de 70 a 80% de diminuição da safra em comparação ao ano passado.
"Além da adversidade climática, associa-se a não assimilação correta do manejo, de podas e o controle bem feito das pragas, por parte dos produtores", explica Fagner Brito, gestor regional do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte (EMATER). Ele ressalta que as perdas na produção nunca foram tão grandes como agora.
Somente em grandes secas do passado houve número parecido. "O impacto social é imenso", afirma. Só no beneficiamento da castanha são empregadas 3.500 pessoas em Serra do Mel. Em Mossoró, nas duas empresas - Usibras e Aficel - o número de empregos chega próximo aos 2 mil.
Com a ausência da matéria-prima, há alguns dias as fábricas estão mudando a rotina de produção e dando férias coletivas aos funcionários. De acordo com Raimundo Pereira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração de Óleos Vegetais, Animais, Alimentação e seus derivados de Mossoró, o órgão está dando apoio e buscando garantir os direitos dos trabalhadores.
Da semana passada para cá, o sindicato já homologou cerca de 60 rescisões de contratos somente da Aficel. "Essas rescisões são só de funcionários que tem mais de 10 meses de trabalho. Abaixo desse tempo os acordos acontecem lá mesmo na empresa", conta.
Ele informa que ontem, voltaram ao trabalho 250 funcionários que estavam em férias coletivas. Em contrapartida, mais 60 deles também tiveram que a partir de ontem tirar as férias forçadas. "A Usibras comunicou que também pretende dar férias coletivas a 517 funcionários a partir do dia 18. Todo mundo está com medo de perder o emprego", acrescenta Raimundo Pereira.
Além de comprar os frutos produzidos em Serra do Mel, as fábricas locais recebem também da região de Ipanguaçu, Ceará, Piauí e Maranhão que passam pela mesma situação de escassez de chuvas. "Se não tiver castanha nos próximos 30 dias, é bem possível que umas 400 pessoas sejam demitidas", relata o presidente do sindicato dizendo ainda haver esperança de que o produto chegue à cidade no mês de novembro.
Diante desse cenário, além das demissões, a tendência é de alta de preços da castanha de caju in natura. De acordo com as expectativas do setor, os preços ofertados pelos produtores durante os meses de outubro a dezembro (período de safra) deverão manter-se bem acima dos praticados no mesmo período da safra anterior. O preço do quilo que era de R$ 1,00 já está custando R$ 2,00 em alguns locais — um aumento de 100% no valor. (Fonte: Gazeta do Oeste)

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