Como reduzir o desperdício na produção de caju

Das 320 mil toneladas de caju produzidas por ano no Rio Grande do Norte, apenas 10% da produção é aproveitada. Parte é vendida como fruta ou através de processamento, como suco in natura e polpa. O restante se perde diretamente nos locais de plantio, durante os quatro meses de safra. O cenário é semelhante nos nove estados nordestinos, sobretudo naqueles onde a produção é feita em larga escala, como o Rio Grande do Norte e o Ceará. Toda a região Nordeste só produz 120 toneladas de suco por ano. Uma das saídas apontadas para reduzir esse desperdício é usar o caju para alimentar os rebanhos bovino e caprino.
Ração animal
O projeto de Cajucultura do Seabrae/RN estimula o aproveitamento da polpa como ração animal no Estado, através de um programa desenvolvido em parceria com a Emater-RN e a Fundação Banco do Brasil.
Segundo o gestor do projeto, Lecy Gadelha, a fruta está sendo utilizada como ração nos municípios de Apodi e Pureza. Pesquisadores fazem estudos nas minifábricas de castanha instaladas nessas cidades sobre a viabilidade de destinar o caju para alimentar ruminantes. "É uma alternativa viável, já que os custos para beneficiamento da polpa ainda são maiores do que os da amêndoa", pondera Gadelha.
O desafio é reverter um quadro negativo que impera nesse setor. Enquanto a castanha é valorizada comercialmente, a Região Nordeste desperdiça todos os anos quase 1,9 milhão de toneladas do pedúnculo, a parte da fruta que é usada para a fabricação de sucos. Isso representa 75% das 2,5 milhões de toneladas produzidas nos nove Estados.
Para se ter uma ideia, é preciso um investimento de R$ 1 milhão para se implantar uma unidade extratora de suco in natura, o que seria inviável para um pequeno produtor. O técnico pesquisador da Embrapa José Simplício também defende a utilização de caju nos pastos como forma de ração. "Nossa expectativa é que, daqui a uns 15 anos, consigamos reduzir esse índice de desperdício para 50%, que ainda seria muito alto, em se tratando de uma fruta tropical", calcula o técnico. (Fonte: Sebrae/RN)

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