LCC para a produção de LED de computadores

O aperfeiçoamento do LED no mundo abriu vários caminhos para o desenvolvimento do OLED. Um deles, trilhado pelos pesquisadores da UFPI. Saiu de cena o silício como material básico, e entrou o LCC (Líquido da Casca da Castanha). O LCC é um subproduto da amêndoa do fruto do cajueiro. Na tradição de mil e um reaproveitamentos e utilização das partes que formam o caju - do suco do pseudofruto (a polpa que conhecemos), ao aperitivo da castanha assada (verdadeiro fruto), o LCC pode ser considerado um lanterninha. O óleo viscoso e caustico de cor marrom e odor extremamente desagradável - conhecido popularmente pelas queimaduras e manchas que causa quando entra em contato com a pele humana -, tem utilidades industriais e científicas comprovadas em descobertas relativamente recentes.
A professora e química Maria Alexsandra Rios destaca seu principal papel no mercado industrial. “Como composto ativo, o LCC possui propriedades antioxidantes valiosíssimas. Após tratamento, ele exerce uma função de proteção à degradação natural de material orgânica, ocasionada pela presença natural do oxigênio”. Usando exemplo próximo e imediato, a professora saca uma carta na manga: O LCC, mesclado a alguns lubrificantes, gerou alguns compostos de ação anti-oxidantes tão interessantes, que mereceram depósito de patente.
Mas qual a função do líquido da castanha do caju no diodo orgânico emissor de luz?
É isso que explica um orientando de mestrado do professor Ángel Hidalgo e também envolvido no estudo, o aluno Raulinson Hiapina. “O líquido da castanha do caju ajudaria no retardo do processo de fotodegradação do OLED, evento natural que é acelerado como a sua excitação elétrica. A fotodegradação é ocasionada pela oxidação. Quanto maior a oxidação, menor o número de elétrons na camada de valência. Quanto menos elétrons, menor a capacidade da peça em conduzir energia. E sem condução de energia, sem luz”.
Para que o OLED produzido pela UFPI consiga atingir potencial industrial, ele precisa alcançar a marca de 10 mil horas de durabilidade ativa. Parece um longo caminho, ou uma marca muito pretensiosa se levada em consideração as condições de produção e desenvolvimento de pesquisa brasileiras quando postas em paralelo às estrangeiras. Mas a professora Maria Alexandra é categórica e otimista: “Os testes preliminares são bem animadores. Os gráficos de resistência do LCC expõem um grande potencial”. (adaptado de MeioNorte.com)

Comentários