Brasil importa castanha da África

Deu no Jornal O Povo (Fortaleza) desta quarta-feira (04/03/2008): "...Quem guardou castanha de caju da safra 2007/2008 para vender por um preço maior nos próximos meses pode ter adotado uma estratégia errada e até ter prejuízo. É que a primeira importação de castanha da África, em torno de 10 mil toneladas inicialmente, chega ao Estado entre o final de abril e o início de maio. "Achamos que o produto importado vai equilibrar os preços", diz o presidente do Sindicato das Indústrias de Processamento da Castanha de Caju (Sindicaju), Antonio José Gomes Teixeira de Carvalho. Ele estima que ainda existam de 20 mil a 30 mil toneladas na mão de comerciantes que seguram o produto para aumentar o ganho após a safra. O secretário da Infra-Estrutura de Pindoretama e presidente licenciado do Sindicato dos Produtores de Caju do Ceará (Sincaju), engenheiro agrônomo Paulo de Tarso Meyer, diz que o Ceará ainda dispõe de 12 milhões de quilos da castanha "in natura", quantitativo que na sua avaliação, deve ser comprado pelas indústrias antes da pretendida importação. Meyer conta que está comunicando esse fato ao Departamento do Comércio Exterior. Lembra ainda que não se pode esquecer que os intermediários, de alguns anos para cá, estão pagando um melhor preço pela castanha, principalmente durante o período da safra. Das 12 mil toneladas, segundo ele, só na região norte ainda tem seis milhões de quilos. O presidente licenciado do Sincaju observa que são os intermediários que, "no pico da safra, além de financiar os tratos culturais, compram dos produtores, atualmente, por um preço até melhor do que o praticado pela indústria, onde o valor real, muitas vezes, é aviltado". Segundo, alegando a desvalorização do dólar, a indústrias estava pagando no final da safra R$ 0,90 pelo quilo da castanha, enquanto o intermediário pagava R$ 1. Antônio José Carvalho diz que o preço atual está na faixa de R$ 1,30 e que ele espera conseguir na África um preço entre 15% e 20% melhor. Salienta que o dólar baixo favorece as importações. A negociação está sendo feita com três países africanos. Entre eles, Guiné Bissau. O nome dos outros ele prefere não revelar. De acordo com Carvalho, depois das 10 mil toneladas devem ser importadas mais 20 mil ou 30 mil toneladas, quantidade necessária para suprir a demanda das indústrias. Meyer diz que o Sincaju ficará atento para que todas as normas legais, da vinda dessa castanha "in natura", sejam rigorosamente cumpridas, inclusive, com o certificado fitossanitário de origem (CFO). Lembra que isso não aconteceu há alguns anos atrás, "quando uma indústria local importou castanha em caráter de excepcional idade sem o CFO e, caso o Sincaju não tivesse embargado, corria-se o risco de trazer uma nova praga ou doença para os nossos cajueirais". O presidente do Sindicaju afirma que a castanha vem dentro das normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura. "Tomamos todos os cuidados e todas as normas serão cumpridas. Não haverá irregularidade".

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